Mindfulness,
quando o objetivo é sobrepujar a
Meditação, assumindo o encargo com primazia.
Mestre Yogue Indiano Shrí Yukteswar Meditando
Na
História Contemporânea, o momento presente chega a ser um disparate para com
toda uma estrutura que deu certo há dez séculos atrás e autenticou-se como Perfeição
e Sabedoria. Refiro-me à Meditação, a Obra Prima nascida na originalidade
Oriental.
De
repente o Mindfulness técnica de “Nova Meditação” surge, criada nas
Universidades, e sem o menor respeito à Tradição Oriental declara oficialmente
que os “brasileiros precisam
desmistificar a Meditação”. Precisam? Por que precisam? Que o Mindfulness
queira entrar no mercado prometendo um elenco de efeitos relacionados à saúde
humana, acho ótimo. Mas, por que desmistificar a Meditação que nos últimos dez
séculos sobrevive como um Programa Neurológico de igual data, sem que se
vincule à religião? O Mindfulness não deveria sequer citar Meditação. Não
poderia, mas fez. Teço então minha crítica...
É
importante que a neurocientista explique-se melhor sobre a “ciência do
Mindfulness” ao concluir sua frase contextual:
“...avançou de uma tradição
misteriosa para uma prática secular, benéfica e tão simples quanto escovar os
dentes pela manhã”. (Neurocientista Claudia Aguirre, do aplicativo
Headspace)
A
postura da apresentadora Fernanda Lima meditando, na pagina 57 da Revista “Isto
É” (17/Fev./2016, Ano 39, No 2410), é uma postura de Hatha
Yoga, usando um mudras (selo) nos
dedos das mãos. Isso é Yoga de Oito Mil Anos. No mais, as cinco práticas do
Mindfulness no cotidiano, se foram testadas, de que forma? O carimbo da ciência
funcionou em que interligação neurológica? A Matéria cita os termos “sugere”,
“há evidência”... Quanto aos efeitos citados pelas Universidades Carnegie
Mellon e da Califórnia, estes já se incorporaram ao Yoga/Meditação, e não
imputáveis ao Mindfulness. De Meditação eu entendo, pois a pratico nos últimos
25 anos e creio que “Ciência do Mindfulness”
copia muito as soluções já desenvolvidas pelo Yoga e apresenta uma obliterada e
artificial técnica utilizando os efeitos positivos como incorporados à sua
forma de “Meditação Nova”.
Com
que direito a Sra. Fernanda Lima, que “medita” há 16 anos “desde que começou a
praticar Yoga”, solicita aos “Brasileiros” da necessidade de “desmistificar a
Meditação”?
O
Bhagavad-Gita (12.120) põe a Meditação acima “do Conhecimento Intelectual”, o
Shiva Purana (7.2.39.28) a “considera superior a qualquer peregrinação”. O Garuda-Purâna (222.10) ensina: “A Meditação
é a mais elevada Virtude, a mais elevada Ascese e a mais elevada Pureza”. Já no
Caminho Óctuplo do Yoga Clássico, a Meditação precede o Êxtase (Samâdhi); Patanjali,
em seu Yoga Sutra (3.20), a define como o “Fluxo Unidirecional” ou
“Eka-Tânatâ”. Como tal, a Tradição Milenar apresenta a Meditação como sendo uma
continuação ou aprofundamento natural da Concentração. Portanto, como
desmistificar o Bhagavad-Gita, o Yoga Sutra de Patanjali e outros Textos
Pós-Classicos que fazem da Meditação um objeto essencialmente voltado à
fisiologia sutil do corpo humano, seu Sistema Endócrino? ...Se todos os Asanas
expressados pelo Yoga têm como fundamentação o Corpo Humano, que é composto por
100 trilhões de células. O que retroalimenta as posturas através das estruturas
neuronais límbicas é a Meditação, em máxima concentração.
O
que as Universidades de Massachussets, Oxford e outras, através de seus neurocientistas proclamam é o que Yoga e
Meditação há milhares de anos já asseguram aos praticantes: Saúde Plena.
É
muito simples a Mindfulness compilar os resultados dessas retroalimentações
oriundas do Yoga e Meditação, adequando-as como efeitos positivos unicamente
produzidos pela técnica Mindfulness.
A
promessa Zen Virtual do Headspace é tão absurda, para quem convive com práticas
de Yoga, Meditação e Pranayama aos reflexos corporais que afetam o Sistema
Límbico. Promete, o Headspace, “disciplinar a respiração” em sessões de “10
minutos” em I-Phone e Android. Desafio a neurologista Claudia Agirre a provar
cientificamente o que diz seu Aplicativo.
Lamento
quando uma neurociência, nascida para ser um Aplicativo disponível pela
telefonia celular, tenha que ganhar espaço desrespeitando o trabalho de
profissionais sérios em todo o Brasil, solicitando dos brasileiros que
“Desmistifiquem a Meditação”. Lamento. Eu aprendi com um Siddha Guru,
Muktananda, meu amável Mestre nos idos de 1970, que pelo Paleo Córtex um Yogue
em Meditação Profunda pode escutar a Voz do Mestre que fala no Silêncio. Eu
vivenciei isto. O Siddha levou-me, pela Meditação, a um relaxamento que
tranquilizava as áreas corticais superiores e a zona de turbulência situada
entre o consciente e o inconsciente, e isso impede a ressonância entre uma área
e outra. Tendo então descontraído a camada periférica do encéfalo, a zona
consciente liberou as informações do inconsciente. Tudo isso tem início com a
Meditação. Aprendi, no começo do Yoga, a meditar e fui entendendo o quanto é
urgente revalorizar a vida. Restaurar o pensamento, o modus vivendi e as
inclinações pessoais. Ninguém pode meditar sem antes entender a linha das
próprias inquietações. Não se pode colocar Mercúrio Cromo quando a ferida é
profunda e grave. Do mesmo modo que não se pode, por via celular, assumir a
liderança da cura emocional quando o compromisso da Meditação tem muito de
precaução. Aconselho às neurocientistas do Mindfulness meditarem sem muito
estardalhaço.
Siddha
Vidyacharanasampanaananda
NÚCLEO MAHA VIDYA
DE YOGA
YOGA COM SABEDORIA
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