INSTRUÇÃO ÍNTIMA PARA
O APRENDIZ DE SER HUMANO
O
problema não é aceitar as novas idéias; o problema
é nos desvencilharmos das idéias velhas.
Marina Lo Presti
Escrevo
direcionado unicamente para os amantes de Sofia, a guardiã da Sabedoria, que
são todos aqueles que buscam mergulhar nas profundidades de seu próprio ser,
idealizando serem como o pássaro mergulhador do Bhagavad-Gitâ, que
mergulha sem receio, profundamente, e volta à superfície sem ter molhado as
penas. O Mestre Jesus Cristo disse: “Estejais
no mundo mas não sejais do mundo, pois o meu reino não pertence ao vosso mundo”.
Sou um pouco do pássaro mergulhador do Bhagavad-Gitâ, a mais famosa de todas as Escrituras Sagradas Hidús, intocável em seu grau de pureza desde que foi escrita há mais de 8 mil anos A.C.. Tenho uma alma profunda e um espírito verdadeiramente mensageiro. Alio-me ao que disse o Mestre Jesus... O Cristo, porque seu enfoque faz toda a diferença entre liberdade e servidão, já que somos cidadãos de dois mundos. O primeiro, situado ao longo de um processo histórico onde vivenciamos uma estrutura de sociedade feita em bases frágeis, sofreu reorientação, manipulação e mau uso das informações matriz, possibilitando o aprendiz de gente tornar-se um impulso dos impulsos de seus semelhantes. O segundo, é quando em sua frase, Jesus impõe uma espiritualidade infinitamente maior a todo pensamento limitado ao revolucionar as consciências quando diz “meu reino não pertence ao vosso mundo”. Alio-me de novo ao Mestre. Procuro e encontro, não só o significado simbólico de que não é com asas de anjo que se sobe ao céu e sim com a consciência, pois esse céu é psíquico em altura de alma, como também necessitamos construir caminhos pela experiência interior, possibilitando-nos atingir altitudes sublimes. Temos que ouvir o eco da alma. Temos que nos ofertar o futuro, sempre. O ser humano necessita de um ponto de apoio para viver sua história pessoal, respirando-a em cada minuto, deixando os acontecimentos se completarem; provocar interrogações às nossas idéias porque, um dia, nossas indiferenças, nossos medos e temores que herdamos, e outros que conquistamos, vão resvalar-se nas fronteiras. Precisamos remover nossos disparates, preconceitos, estranhezas, e nos possibilitar uma resposta global que não sugere hipóteses, mas um ensino desconhecido explorando e verificando nossos caminhos vedados, nossa atitude perante a realidade que mantemos e pequenas ou grandes paradas de incertezas. Necessitamos, para ontem, entender qual o produto que nosso comportamento; ser o que somos para desabrocharmos absorvidos na consciência do realismo fantástico de como nos movimentarmos na ambiência da aventura humana.
Temos que retirar a enorme timidez que a
ignorância nos encoraja usar. Temos que ultrapassar as receitas ------- todas
------- prescritas nas orientações ordenadas pelas facções, divisões e
partidos. Todas elas ofertam incorretas interpretações ao que somos. Quando observo as gaivotas e os pássaros,
numa maneira geral, voando alto e, com cuidado, conservando-se no alto de
penhascos e árvores, medito se assim agem para evitar a humanidade.
Brutalmente, as portas que abrem as consciências através
das religiões continuam cuidadosamente fechadas sobre o esclarecimento das
infinitas possibilidades do ser humano... E o que temos que reaprender é
imenso. Desenvolvemos um processo interior e exterior interligados. Do ponto de vista corpo humano,
o nosso corpo possui dois níveis de funcionamento: o emocional e o espiritual.
O emocional influencia tanto o corpo quanto o corpo afeta a mente. Na medicina
encontramos uma palavra que caracteriza a disposição mórbida ----------- a diátese. As diáteses reúnem, de um lado, tendências
hereditárias mórbidas, e de outro, as emoções ocasionando distúrbios
psicológicos e organo-funcionais.
Todavia, esse modelo é determinantemente clínico, de assustadores
distúrbios patológicos: asma alérgica,
artrites dolorosas, deformantes, dores ciáticas, palpitações, taquicardia
emocional, e todo um elenco de problemas
endócrinos do tipo hiper; problemas com a memória; problemas
no comportamento psicológico: nervosismo e irritabilidade que chegam à
agressividade, emotividade, timidez, tiques nervosos; problemas no aparelho
respiratório com formatação recidiva: rinite, laringite, traqueíte, bronquite,
sinusite e otite; problemas no gastro-duodenal:
enterocolite crônica, colite transversa e esquerda, recto-colite. Poderia narrar 16 páginas de moléstias com
que as nossas emoções violentam o corpo humano.
Todos os nossos sentidos encontram-se ligados ao mundo
em que vivemos. Há funções reprimidas dentro de nós que estão repletas de
energia deteriorando-se. Vivemos vidas contraídas. Não fomos instruídos a saber
que não somos apenas este corpo físico que nos mantém presos a esse planeta.
Não existem respostas fáceis quando se está
com 3%
de consciência e 97% de defeitos conscienciais. Eis aí o fio contorcido, enrolado e
embaraçado da trama humana, onde as religiões oficiais
não ensinam a necessidade do ser humano despertar sua outra metade, a
interna. Esses defeitos
conflitam a consciência, particularizando a personalidade a ser atrofiada,
nociva,
sem
virtudes, recalcada e, em bilhões de humanos, sem arrependimento. O ser humano, como aprendiz da vida e
aprendiz lento de si mesmo, portanto um inocente útil, satura-se de desconfiança, medo,indiferença e
apatia, pelo fato de seus 97% representarem 97% de vezes em que se encontra sem
consciência.
É de Sigmund Freud ------- o pai da
psicanálise ------- a frase que dá um salto formidável na vacuidade e
estreiteza obstrutora do ser humano falho:
“...Dos atos falhos
das pessoas sadias e também daqueles portadores dos sintomas neuróticos, pela
psicanálise, retirei a conclusão de que os impulsos primitivos, selvagens e
estupidamente maus da humanidade não desaparecerão de maneira alguma, salvo se
os responsáveis por nações tornassem-se mais civilizados. Caso contrário, tais
impulsos primitivos continuarão vivendo, ainda que recalcados, no inconsciente
de cada pessoa, esperando a oportunidade de reativar-se.” (1)
Sábias
palavras. Ele, aqui, no seu texto de
pensamento pensado, sem probabilizar, sem achar, sem teorizar, encontra-se
convencido de que no ser humano os impulsos destrutivos primários encontram-se
hibernados, mas, prontos a reaflorarem quando falham as ligações afetivas.
As pessoas adoecem em função dos padrões relacionais
mantidos a partir de conflitos que ressaltam os 97% de nossas emoções tóxicas
que influenciam e interferem na complicada produção de doenças ------ a
Diátese.
Do filósofo Pythágoras
( Pitagurus
), recolho uma frase que compreendo como resultado de uma ampla reflexão
nascida no equipamento do espírito, que diz:
“Para que a alma
possa viver bem
com o corpo, é preciso que haja
uma grande amizade entre eles.”
Por muitos séculos,
as obras de Sofia (a Sabedoria Divina) tornaram-se Helênicas, protegidas pelos
seus filósofos de lúcida inteligência requintada, sábios e mestres de si, que
instruíam a natureza do divino.
E foi no interesse
pela verdade e o intuito de propagá-la além das parábolas, que os filósofos dividiram a compreensão do invisível (a liberdade) com o visível (a servidão) em
três esferas:
Resultando a um
desenvolvimento investigatório no misterioso mundo do ser humano. Estudo
profundo; mergulho profundo na verdade. Pôncio Pilatos perguntou: O que
é a Verdade? Onde devemos procurá-la, no meio dessa multidão de seitas e
religiões em guerra? Cada uma delas pretende basear-se na revelação divina,
e cada uma afirma possuir as chaves das portas do Céu. Estará qualquer
uma delas na posse dessa rara verdade?
Minha compreensão
feita no raciocínio intuitivo permite-me compreender que o materialismo
crescente, a hipocrisia dos teólogos na ingenuidade de sua Bíblia feita por
palavras mortas e os perniciosos sistemas eclesiásticos, são, sem dúvida,
ruínas das crenças dos aprendizes lentos de si mesmos que
buscam a verdade; verdades que foram suprimidas, conduzindo os aprendizes a
viver desnorteadamente numa série de erros. Meu Venerável Mestre, Sri
Yukteswar, em instrução aos seus discípulos, disse: “Há
apenas uma verdade sobre a Terra, e ela é imutável. Uma Filosofia Secreta na
Sabedoria de um Santuário. E essa
Verdade não se encontra nesse mundo, mas fora dele.”
O aprendiz lento de
si mesmo só compreende pela ótica de seu próprio preconceito constituído dos
ensinamentos religiosos errados. O catolicismo dos Papas revela, em suas
liturgias, equívocos de uma obra imperfeita. Como se tornou possível construir
um império psíquico, baseando-se os seres humanos cordeiros numa mentira, se lá
atrás os Filósofos honrados com a Verdade Única, circulavam-na para
ser interpretada na Filosofia Arcana de Sofia?
Os três filósofos detentores da sabedoria secreta, Pythágoras, Platão e
Jâmblico (iniciaticamente, “antigos
habitantes da Terra”), pregaram os conhecimentos mais profundos, ou finais,
denominados Sabedoria do Reino dos “Céus ”.
Esses conhecimentos
foram como um padrão da Verdade, pois ---- Cristo ----- era um partidário da
Verdade Interna. Ele, o Mestre Crístico, assinalava suas palavras públicas com
“linguagem de alegoria”.
Cristo (Jesus), por que lhes fala (ao
público) com palavras e a nós (discípulos) com
Sabedoria?
Respondeu:
“Porque a vós foi
dado conhecer os Mistérios (ensinamento da ciência divina) do Reino
dos Céus, mas a
eles (Saduceus dogmáticos de toda fé esclarecedora) não. Falo a esses ouvintes por parábolas porque vêem sem ver e
ouvem sem ouvir nem entender”. (Mateus, XIII, 10/3)
Foram
os Saduceus que “crucificaram” JESUS,
O CRISTO. No CODEX NAZARAEUS (memória
nazarena codificada para servir de literatura orientadora), a Igreja Papal é
originariamente instituição Saduceu; abraçou a fé Judaica para escapar da
História sua relíquia sombria: o símbolo do filho de Deus que morreu pela
humanidade. Deplorável mentira. O assassinato Crístico se impressa no espelho
eterno da Luz Astral.
O
Sermão de Montanha expressado por Jesus tem um trecho que pertence a
Pythágoras, quando diz:
“Não deis o que é
sagrado aos cães,
nem atireis as pérolas aos porcos;
pois
os porcos as
pisarão e os
cães se
voltarão e vos morderão”.
Séculos se passaram. Percebemos uma humanidade
possuidora de enormes porções de sujeira ancestral psíquica e celular,
ignorantemente acumuladas. Do tríplice conhecimento para que se exercite a
centelha divina, o aprendiz lento de si estrutura-se em tríplice sofrimento: doenças
físicas (diáteses), desarmonias mentais (97% de defeitos
conscienciais) e ignorância
espiritual
(servilismo nas coisas espirituais). A humanidade ocidental deu dois passos
para trás, tanto física quanto mental.
Quem permitiu que descuidássemos da inspiração
espiritual?
Aqueles
que fazem da ciência divina um pretexto para algemar a fé, e um clero arrogante
que reduz a Verdade Crística numa
religião baseada nem na Verdade, nem na Filosofia Divina, por conseguinte,
falsa, dogmática e antagônica... será essa a sabedoria que nos desejam servir?
Mas, por que se somos filhos autênticos da Sabedoria? No inverso desta pergunta, necessário se faz
uma outra: Como a espécie humana, tão
sofisticada e inteligentemente tecnológica, pode ser negligente ao ponto de ser
estúpida aos valores da vida? Um erro de raciocínio leva a toda uma série de
outros erros. Vivemos uma época em que nada se reconcilia. A compreensão
encontra-se aflorada por falhas e o equilíbrio se promove ou se afirma através
de protestos. Mesmo que sejamos Filhos da Sabedoria, o comportamento humano
encontra-se esquizofrênico e a civilização, desgastada.
A humanidade que se seguiu após Sócrates, Pythágoras,
Buddha, Jesus, e etc., tomou de desdém a frase Conhece-te a ti mesmo,
que se espalhou como um rastilho de pólvora pelo mundo. Daqui em diante,
ficamos prontos para sermos uma cronografia sem originalidade, e desencontrados
sensorialmente. Países como Grécia, França, Alemanha, Estados Unidos e Itália,
são, hoje, nações sem singularidades quanto a gerir os interesses sem nortear
um ensinamento oficial para a conduta mente-corpo humano, como nossos
antepassados que legitimavam suas nações na Sabedoria Solar. Índia, Grécia,
Alexandria, Egito, Paquistão, China, México, etc., são nações que ocupavam suas
civilizações a expressarem-se por verdades espirituais. Os conspiradores da
discórdia provocaram, século após século, ----------- a discordância
----------- que foi se expressando na consciência popular. Eis o rastilho de pólvora
no qual humanidades inteiras foram atingindo diferentes fases de metamorfose
guiadas na falsa rota do espírito. A antiga vocação do período Solar foi
envolvida num manto pesado de escuridão latente, mas a Sabedoria não desmoronou
por ser imortal, transcendente e rejuvenescida por incomparáveis mestres que,
em momentos da história, surgiram para persuadir os difamadores da Verdade.
Todos
eles tornaram-se arquétipos do pensamento humano. Vários milênios de preparação
para re-ligar o ser humano mantido numa mutação do jugo demencial e da
atividade hipnótica. A voz de Sofia, invocada na consciência de todos os seres
que passaram pela história buscando re-organizar o crucigrama da existência:
“Unemo-nos para resistir
e
dividamos-nos para vencer.”
Sábias palavras em
regras de ouro para com todos os discípulos da vontade verdadeira.
As mesmas palavras que depois se fizeram revestidas em“Amem-se
uns aos outros como eu vos amei”, palavras
estas, só compreendidas por todos os buscadores sinceros da Arcana Vontade,
pois “o
coração dos justos se volta para a Verdade”. Aproxima-se a grande mudança. Temos que compreender que
o tempo prescrito está finalizando-se e um novo ciclo desponta. Se o apocalipse
representa uma meta final, o antropocalipse é mais individual;
é resultado de todo o trabalho
conseguido pelo ser humano em religar-se à alma.
Aqui fico, na certeza de que influencio,
silenciosamente, seres humanos a tentar ultrapassar seus próprios limites.
(1) Em carta ao amigo psiquiatra holandês, Frederik Van Eeden, e publicada em 17/01/1915 na revista The Amsterdammer.
(Todos os Direitos Reservados)
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